O Inferno Num Triângulo E Os Seus Três Demónios-Parte Um

Viver Este Inferno É Fatal!

Com este tema, eu teria” pano para mangas” para escrever das minhas experiências em contacto com estes Dramas que me aparecem diariamente pela frente, mas vou fazer a experiência de o dividir (ao tema) em dois artigos, para que não seja muito exaustivo, porque vos garanto, que só de ler, isto cansa qualquer um…

Mesmo querendo, não se consegue imaginar o sofrimento contido numa triangulação muito conhecida na Psicologia, que é o “Triângulo do Drama” ou “Triângulo da Culpa”.

Esta denominação foi dada pela 1ª vez pelo Psicólogo americano Stephen Karpman, aluno de Eric Berne (Pai da análise Transaccional), para demonstrar o tipo de papéis (personagens) que a maior parte das famílias vivem nas suas relações diárias, deixando feridas profundas e muitas vezes inconscientes.

Este Triângulo é composto de três papéis, vividos pela mesma pessoa, e que “gatilha” nos restantes familiares ou membros do grupo, os outros papéis ou personagens de resposta.

Estes papéis mudam muitas vezes em segundos, ou a pessoa vive cada um deles um determinado período de tempo, e quando não obtém a resposta que quer para continuar a alimentar “a personagem”, muda imediatamente para outro dos “personagens” do triângulo.

Que personagens/papéis são estes afinal?

       A Vítima

       O Perseguidor/Carrasco

       O Salvador/Cuidador/Zelador

Vejamos então como este drama se cria nas famílias, nos grupos sociais ou profissionais, e no geral nas relações humanas:

1 – A Vítima 

Sente-se sempre inferior, infantilizada e desresponsabilizada; acha sempre que não é capaz de…, que é insuficiente em tudo e que tem sempre que haver alguém que a venha salvar; não assume a responsabilidade pelo que pensa, diz ou faz: Ela faz assim, porque o outro fez “assado”, se comete um erro, a culpa é sempre de algo ou alguém, justifica-se muito e repete continuamente os mesmos padrões…

Frases Típicas da Vítima:

“Tu és melhor do que eu, por isso ajuda-me…” Se não fosses tu, que seria de mim?...”” Eu faço tudo pelos outros, e agora ninguém quer saber de mim…”,”…Vou matar-me, já não aguento mais…”” Sou explorado e nem me posso defender, ninguém se preocupa comigo…”

E por aí vai, num corrupio de queixas, azedumes, vitimização, chamadas de atenção perfeitamente irracionais, e que vistas sob um olhar imparcial e atento, se percebe que é pura manipulação teatral, baseada em modelos que copia de familiares que conseguiam tudo através deste esquema.

2 – O Perseguidor/Carrasco

Tem sentimentos profundos de revolta, e tem apenas um desejo: vingar-se com a máxima crueldade que tenha ao seu dispor, a sua raiva é maior que ele, e deixa-se levar pelos impulsos explosivos e descontrolados, quando algo não lhe sai como queria ou quando é contrariado ou confrontado com a realidade; tem um ponto de vista completamente autoritário e prepotente, só ele é que tem a razão absoluta e faz o papel de Deus, pois acha-se acima do bem e do mal, quase impune a tudo.

Faz cobranças constantes daquilo que dá, é um crítico duro e implacável, e persegue todos os que se propõem ao papel da Vítima.

Frases Típicas do Perseguidor/Carrasco:

“Fazes porque eu digo e pronto…” “É um miserável, e nem mereces o pão que comes…”

“Não prestas para nada, nem fazes nada de jeito…”

E as cenas seguem-se numa tentativa terrorista de implantar o medo e a destruição da vontade ou auto estima alheia.

3 - O Salvador/Cuidador/Zelador

Este personagem é aquele que adopta uma posição de superioridade existencial, pois sente-se sempre acima dos outros, e sente que precisa de ajudar as pessoas, mesmo que elas não precisem ou não peçam ajuda; é super protector nas suas funções, paternalista, e ajuda para, mais tarde poder cobrar o reconhecimento da sua ajuda, ou qualquer outra coisa em troca (atenção, tempo, valores, etc.)

É sempre muito diligente e antecipa-se ás necessidades alheias, para de uma forma subliminar passar a mensagem de que”…sem ele, a vida da pessoa salva, seria uma catástrofe…”

Frases Típicas do Salvador/Cuidador/Zelador:

“…Se não fosse eu, o que seria de ti?...” “Faço tudo por ti, e esta é a paga que tenho?...””Adoro ajudar os outros…”” tenho pena de toda a gente, e ninguém tem pena de mim…”

(Já percebeu que o Salvador está a virar para Vítima?)

E este personagem especializa-se em “salvar o mundo”, não mede esforços para impor a sua ajuda e métodos, (que são sempre os melhores de todos),  e quando percebe que ninguém lhe agradece, ou vira Perseguidor, ou vira Vítima…

O enorme Drama disto tudo, é que a Vítima alterna o seu papel com o de Salvador, o Salvador com o de Perseguidor, e este, quando contrariado vira Vítima…

É este Triângulo Diabólico (como alguns técnicos lhe chamam) que está na origem da Co Dependência, dos Comportamento Adictivos e das tragédias humanas governadas pelo Medo, Culpa e Vergonha Tóxicas.

Cansativo, não é?...

Mas… calma, que com Método, Terapia e muito Trabalho Interior, consegue-se sair desta triangulação mortal.

Leia-me aqui no próximo post, para que possa perceber como se sai deste inferno vivo…