Casa Em Que Não Há Pão...Todos Ralham...

...E Ninguém Come...

...E ninguém tem razão, nem raciocínio claro para ver soluções.

Todos os dias me deparo com histórias de Famílias inteiras que estão a colapsar (ou que já colapsaram...) porque está a faltar a base para se viver com dignidade, nem que seja meio ponto acima da linha de miséria.

Esta é a MARÉ NEGRA EMOCIONAL deixada longo dos últimos 5 ou 6 anos por um país quase afundado por aquele tipo de austeridade completamente inglória e que morreu na praia...

Agora são os Psicólogos, os Psico Terapeutas, os Psiquiatras e outros Técnicos de Saúde que estão a receber "às pázadas" estes "refugiados de terra própria", sem chão nem tecto emocional que os ampare; são tantas as histórias que vos poderia contar, de pais que tiveram que emigrar, que deixaram aqui as mulheres e os filhos, uns na adolescência e outros no fim da infância, que se revoltam, não querem mais seguir regras, a Mãe desespera-se porque também não tem trabalho e tem que ir ao Centro Paroquial buscar comida, e os Serviços sociais já não têm vaga para que a Psicóloga os possa atender...como a história daquele menino de 11 anos que foi internado em Pedopsiquiatria porque começou a ouvir vozes sobre as dívidas e o desemprego dos pais, falando apenas e repetidamente em "pagar, pagar, pagar..."

Acreditem que só de estar a escrever sobre isto me causa náuseas e ânsias, porque são tantos e tantos os casos, que há muitos dias que me sinto NÃO SÓ impotente, mas profundamente decepcionada

com tudo.

No entanto, emerge em mim sempre uma vontade de encontrar soluções com estas Famílias, ouvir todos os lados, motivar a experimentar caminhos menos percorridos.

Já não é só uma questão de desemprego!

Está muito para além de tudo isso.

Tal como um petroleiro que se afunda e deixa por anos uma MARÉ NEGRA de petróleo no mar, matando (quase) toda a espécie de vida, também  aqui a VONTADE, o ÂNIMO estão moribundos...

                                     

Desculpem-me o desabafo, mas eu própria tenho Família...

(Depois de escrever isto que constato todos os dias, estou a distanciar-me destes sentimentos para conseguir respirar e auxiliar outros a respirarem!...)